Homem Negro

Numa cela fria e grudenta, um corpo moído se move.
Um leve ruído encobre o silêncio da morte.
Um Luar pálido, solitário.
Um vento frio e tenebroso perfura a parede quase corroída pelo tempo.
Um gemido fraco e surdo ecoa no espaço.
É um gemido de dor forte, de homem negro, de tempos longínquos, de épocas inesquecíveis.
É gemido de alma despedaçada de tanta saudade.
Saudade de terra quente, de praia virgem.
Saudade do deserto árido e seco.
Saudade de festa pobre.
Saudade de coração nobre.
É também saudade de liberdade.
Liberdade que o próprio ser humano lhe vedou.
Liberdade esta, que a natureza lhe dera de presente, mas que pela pobreza de sua gente não pode subsistir.
Seu olhar sofrido e cansado denota angústia, fraqueza, solidão.
Seu corpo forte e rijo é culpado dessa escravidão.
Não sabe se chora, se ignora.
Força, não tem mais.
A reação é pouca.
Sente em cada hálito o inferno da escravidão.
Melhor esperar a morte, pois sorte, no meio de tanta injustiça, é esperar em vão.

21.06.78

2 Comments:

At 10:28 PM, Anonymous Anonymous said...

Querida amiga
Esse texto maravilhoso ficou comigo por 25 anos. Levou muito, mas muito tempo para voltar ao seu criador.
Estou feliz de tê-lo guardado e feliz de devolvê-lo.
beijos
pat

 
At 11:13 PM, Blogger fueraut said...

sooner you will find your man and can sing whitney hoeston song you're my man.

 

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